Ele havia traído Baudelaire
No dia em que conhecera a bunda da outra
- sacro altar!
Sonhava-o tão intocável – gênio do mal -
Essa outra, mais filha da puta que todas antes, olhos
baixos
Usava-os rasteiros combinando com suas sinceridades
Costuradas num decote discretíssimo
Do vestido bem mais jovem que ela
A florzinha tinha gosto infinitamente triste,
Como a bad trip de cocaine e Jack Daniel`s
Ele disse para si, ainda sentado na sarjeta:
- as flores do mal não são tão mal assim, afinal!
Oh, gênio amedrontado das façanhas dos homens,
E belo como um só peixe em aquário, tua virtude
Sempre foi meu ideal! Agora, nesses dias, em que cuspo alto
Os amores imprudentes, meu esqueleto fragiliza.
E cego dos ouvidos entro em tua vida para exaltar
Esses flancos que me cessam. Respira-me!
Como um homem sem rancor que recuou do desfecho
Notório para o incógnito
A outra, o monstro, oculta engenhos sob as unhas e,
Ao primeiro sinal da presa confundida,
Suas garras saltam das carnes rasgando o que entorpeceu
Ele, se fazendo de inocente e o sendo, não via, mas sempre
soube
Baudelaire. Baudelaire. Aproxima-me das sepulturas dos
malditos
E deixe-me ouvir os lobos machos nas madrugadas pagãs
Porra meus olhos com socos, que estes já viram víboras
Surrupiarem sêmens de todos os homens, e por piedade...
Tire esse sorriso besta da boca!