Seu crânio não oculta o buraco por
onde entra meu beijo,
Os segredos que dissimulei a vida
toda de você
E minhocas de várias espécies.
O furo tem formato de pássaro
preso em gaiola.
Empalhado e mudo.
Nem bicho nem ave sentem mais dor.
Hoje você sorri pra mim, riso
infindável,
Como nunca sorriu antes o amor.
Diz que lamenta as vezes que o
perdoei
Quando meu desejo virava a
esquina sumindo de vista
Como só uma mulher e sua bolsa
roliça de pecados sabem desaparecer.
Olha querido, de qualquer modo,
ainda somos os melhores estranhos
Dessa noite interminável.
É que jamais deixei de voltar
fácil.
Você esperando minhas pernas
abertas, tão piedosas,
Louco por pelo menos um suicídio
da boceta em seu pau
Sonhando triste, carregando um
piano de cauda nas costas,
Enquanto minhas mãos equilibravam nossos
pesadelos bem merecidos
As janelas são sempre fechadas, e
vedadas com medo, para impossibilidades
De vazamentos escandalosos saírem
às ruas gritando
Sinal de sua barba de molho entre
o revólver e o desinfetante.
Veja bem! A última nota da canção
nos abandonou
No dia em você me acendeu, e
fumou, até o fundo do fim
As cinzas ainda queimam vivas,
agora, no seu melhor sorriso,
Esse aí, molhado do meu sangue
impulsivo.
9 comentários:
ô, Ira, como esse verso diz tanto: "De qualquer modo, ainda somos os melhores estranhos"... Você sempre traduzindo o intraduzível! Beijos
você é formidável,
formidável
...
beijo.
Denso! Perfeito! Não há como não voltar fácil!
Ira, lindona!
carregamos sempre algumas coisas, de certa forma, e as cinzas de outras tantas sempre ficarão a arder, e se somos eternos estranhos,os dois, impossível apagar com a água todos os fogos que ardem apenas num único "sorriso" estranho, e estranho para sempre.
Beijão, moça compositora!
Adorei teu comentário por lá, fiquei pensando se você tem algum registro em gravação, de alguma música tua para postar.
Terno, ao mesmo tempo visceral. Oriundo de um realismo presente, palpável. Aplausos amiga!
Um escândalo!
Tua lira faz a minha cabeça.
Beijo, Poeta Irada*
Mais uma vez me rendo ao teu saber poético, pois este poema é excelente.
Ira, querida amiga, tem uma boa semana.
Beijo.
nestas tuas baladas desencontradas eu tanto me acho, tanto
beijo
quando as tuas palavras beijam por dentro do tempo cada uma das minhas bocas.
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