A calça preta anda pelo quarto
E o teto é da cor gema
Há um tiro obscuro que trai
A bala exige corpo
- Eis o meu!
O poema não tem bom senso.
Do fundo do armário
A cabeça de mil enguias surge
Há um forno de boca aberta
O gás apela resignação
- Eis a minha!
As palavras são peixes dementes, afinal?
A pele sardenta sai do cabide
E abarca outra pele
quase frouxa
Há monóxido de carbono no estábulo
Os pôneis conduzem a dama com chapéu de lã
- Eis a confissão!
Os versos galopam no pasto branco
Vozes caem das prateleiras
E as tragédias gritam por olhos
Há uma mulher tristíssima costurando sua alma
Um fôlego irritante escapa
- Eis a epifania!
Os poetas não morrem nos livros
10 comentários:
Parabéns!!
Oi, Janice! Bom te ver outra vez aqui, até tentei retornar a gentileza, mas seu blog é fechado, não pude entrar pra conhecer.
bj e obrigada
Ja! As palavras sao peixes dementes! fantastico!
Um abraco.
puxa, que coisa mais linda... um corpo inteiro e a alma vasta somente podiam escrever essa coisa linda, muito linda, linda demais...
beijo carinhoso.
Uma mulher tristíssima costurando sua alma...Que imagem bonita essa. ando costurando minha alma. Tomo emprestadas palavras que não são minhas, mas que sou eu. Teu poema tem perna, olhos, corre, sente, chora e grita. Amo.
Beijos,
Minha querida
Os poetas nunca morrem...e tu ficas eternizada nas tuas palavras que são um vendaval de emoções.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Talvez, as palavras sejam peixes dementes, mas esse poema é um cardume
muito lúcido!!
beijo da BF
há poemas que nos matam, assim, devagarinho, pela agitação do sangue. e como nos sabe bem deixarmo-nos ir morrendo nesse balanço de palavras.
beijo, ira-poeta!
há que se ventilar as páginas para que eles respirem,
beijo
Ira, há tempos acompanho seus poemas que dilaceram. Vejo-os no entanto mais afiados e cortantes. Já não dilaceram, decepam.Matam sem direito a ressurreição.
Mas continuam perfeitos.
Abraços!
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