quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Os Poetas Não Morrem Nos Livros





A calça preta anda pelo quarto
E o teto é da cor gema
Há um tiro obscuro que trai
A bala exige corpo
- Eis o meu!
O poema não tem bom senso.

Do fundo do armário
A cabeça de mil enguias surge
Há um forno de boca aberta
O gás apela resignação
- Eis a minha!
As palavras são peixes dementes, afinal?

A pele sardenta sai do cabide
E abarca outra pele quase frouxa
Há monóxido de carbono no estábulo
Os pôneis conduzem a dama com chapéu de lã
- Eis a confissão!
Os versos galopam no pasto branco

Vozes caem das prateleiras
E as tragédias gritam por olhos
Há uma mulher tristíssima costurando sua alma
Um fôlego irritante escapa
- Eis a epifania!
Os poetas não morrem nos livros

10 comentários:

Unknown disse...

Parabéns!!

Ira Buscacio disse...

Oi, Janice! Bom te ver outra vez aqui, até tentei retornar a gentileza, mas seu blog é fechado, não pude entrar pra conhecer.
bj e obrigada

Carolina disse...

Ja! As palavras sao peixes dementes! fantastico!
Um abraco.

Domingos Barroso disse...

puxa, que coisa mais linda... um corpo inteiro e a alma vasta somente podiam escrever essa coisa linda, muito linda, linda demais...


beijo carinhoso.

Tania regina Contreiras disse...

Uma mulher tristíssima costurando sua alma...Que imagem bonita essa. ando costurando minha alma. Tomo emprestadas palavras que não são minhas, mas que sou eu. Teu poema tem perna, olhos, corre, sente, chora e grita. Amo.
Beijos,

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Os poetas nunca morrem...e tu ficas eternizada nas tuas palavras que são um vendaval de emoções.

Um beijinho com carinho
Sonhadora

Bípede Falante disse...

Talvez, as palavras sejam peixes dementes, mas esse poema é um cardume
muito lúcido!!

beijo da BF

Unknown disse...

há poemas que nos matam, assim, devagarinho, pela agitação do sangue. e como nos sabe bem deixarmo-nos ir morrendo nesse balanço de palavras.

beijo, ira-poeta!

Unknown disse...

há que se ventilar as páginas para que eles respirem,



beijo

EXPEDITO GONÇALVES DIAS disse...

Ira, há tempos acompanho seus poemas que dilaceram. Vejo-os no entanto mais afiados e cortantes. Já não dilaceram, decepam.Matam sem direito a ressurreição.
Mas continuam perfeitos.
Abraços!