Trafego de urgências nas ruas
E minha impaciência é uma vontade sem vida
O botequim mais próximo sofre a quotidianidade
Dos Zés, suas bocas desimportantes atropelam
Mais um prato sem graça, mas o balcão é vulgar
E sabe que os tombos não escolhem joelhos
Obsequiando um cigarro ao pobre diabo da direita,
Mergulho em seu hálito e me provoco
- Infame existência é tudo que tenho entre os dedos!
Essas vidas que, considerando, sigo a desfiar
Pelos encontros banais. Tudo é um grande assombro
E cansaço. Vivê-las, e as sou invariavelmente, me exauri,
Ainda bem!
O garçom me serve mais um café e, como qualquer criança
Virando os olhos ao destino das nuvens, sei que todo cuidado
é muito.
Derramo-me, sem pretensões
Minha mão é feita para as tintas e não para bater
continência
A qualquer estética ou alinho.
O garçom me olha como se pressentisse mais um suicida,
talvez,
Alguém miserável a cultivar idéias pessimistas, mas, em verdade,
Não sou nenhuma dor ou qualquer contentamento. Sou sim,
apenas,
Uma substância antiga, sem sono, que coleciona coisas
alheias
Para que na demora do divino, coisa que não perscruto,
Eu me entretenha com um pouco de valia.
Ele me olha como se fosse espelho e me repudia com ódio
incomparável
Sorrio para descermos juntos nossas íntimas estranhezas,
Cada qual com sua cidade, até o
país de todos. A nação dos inúteis!
Ou será que ele prefere os 10%?
3 comentários:
Navegar à bolina, sem farol, à maré das circunstâncias, com um lastro de misérias humanas...
Ira, um brinde à sua lucidez!
Beijo :)
há uma matemática que quase sempre nos transcende... persiste a lucidez daqueles que sabem à margem dos números - os lúcidos, talvez mais homens/mulheres do que poetas, sobretudo aqueles que não perdem a coragem de dizer.
beijinho grande, poeta-maior!
noves fora, noves fora
aritmética dos sentidos
beijos
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