No meio da rua
Há um cão desembestado
Entre os dentes,
Mais um dia sem morte
Suas patas são as flores de minha juventude sob o sol
No meio da rua
Há um Sísifo descalço,
Quase astuto,
Empurrando seu castigo até o limite do céu
Sua pedra é minha insônia e sobrevivência
No meio da rua
Há uma beleza violenta
E que pouca vida promete
Quem a toca perde o rosto para Hemera
Seu riso é a serpente que envenena meu seio
No meio da rua
Há um exército sem tórax
Nunca sei o que seus ruídos atingem
Como se fosse granada nos desonra os ossos
Fácil é matar quem já está esquecido
No meio da rua
Um poema
Cede algum coração
Para o próximo
(Para meus amores Tânia Contreiras e Jorge Pimenta)
(Para meus amores Tânia Contreiras e Jorge Pimenta)
4 comentários:
ira, amiga-poeta-poema,
no meio da rua, em cada esquina, um sísifo a desafiar o castigo com que cumpre a eterna espera, sem esmorecer, sem desistir; no meio da rua, em cada esquina, um sísifo que, para existir, ergue mais alto que a montanha a própria ferida assim despindo palavras quando só os silêncios magoam. e são palavras brancas, palavras frias como o chão que as sustém, trajeto de grito à espera desse deserto por habitar, dessas ilhas por aportar, aí mesmo onde os aguardam frutas e vinho, aí onde os deuses de carne e o osso o esperam mesmo que sem saber voar.
grande tu, grandiosa a tua poesia e a tua amizade!
beijos mil!
no meio da rua
tuas palavras urgem
beijos
Ira, minha linda aquariana!
Bela homenagem a esses dois tão especiais!
Não sou poeta, Ira, mas tento viver a Poesia que não sei escrever... e me rendo a tua. Vai escrever bem aqui em casa! :)
Grande beijo e ótimos dias!
Que maravilha!
No meio da rua
Há um beco
Chamado caminho
....
Beijos à poeta e aos musos, meus queridíssimos!
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