Como se tragando os gestos
Ensaiamos falar
Como se fingindo honestos
Inventamos amar
Eu que nunca presto
Ele que sabe negar
Tratamos de cobrir os nossos tetos,
Vidros indiscretos, sobras infames
Dos vexames que não dormem
Em paz
Como se amando em fugas
Fraquejamos voltar
Como se traçando rugas
Suportamos ficar
Eu que sempre outra
Ele que nunca será
Deixamos de supor as nossas caras,
Faces tabajaras, restos inexatos
Dos retratos arruinados
Por serem reais
Como se jurássemos poemas
Construímos versos para o amor
Viver seus dilemas cordiais
6 comentários:
jurar poemas
bela conjugação
beijoo
inventar versos para saber viver: eis a mentira suprema dos poetas. sim, porque eles mentem...
beijinho, ira de tantas das palavras que me vestem... (quase) sem mentiras.
«Eu que sempre outra
Ele que nunca será»
só aqui já tenho o poema que vim buscar.
a força de suas palavras está na forma como você expressa os sentimentos mais cruéis. amo!
o Melodia embalou muito bem a leitura, querida.
adorei a nova face do beco.
um beijo bem grande.
cada verso ressoou sentidos. Destaco estes:
Como se amando em fugas
Fraquejamos voltar
Como se traçando rugas
Suportamos ficar
Beijos, Ira
Ira,
Por aqui sinto-me sempre num jardim de díspares sensações: a aspereza do real, o esguichar de balofos sangues, a dignidade do olhos nos olhos...
Beijo :)
Como se fosse amar, fizemos poesia. Eu adorei, você escreve muito bem
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