Dei a ele outro nome, um bom nome ardiloso,
Desses que damos aos homens para salvá-los
Quando tentam ser infernais já no inferno.
Amor! Meu amor!
Seu rosto, após longa olhada, sacudiu o pó da memória
Sobreviveu
- quantos rostos levantaram da cama apagando a noite?
Mixas trepadas! Homéricas fodas!
Súbito a mulher avançou forte como um milagre
- sempre tive essa praga no sangue -
E aguou sua cabeça e têmpera. Ele não tentou escapar feito
rato
Era um homem cheio de mentiras - eu sabia!
No entanto, nada podia contra minha esfinge
Eu, sem qualquer palavra, o havia batizado de homem,
Simplesmente um homem e nada mais,
E todos os outros nomes adormeceram como deveriam
Adormecer diante de uma montanha
Em silêncio
Descansei os lábios naquele ouvido primitivo
Uma vez, a serpente sibilando
Sempre e de novo, e de novo, e de
novo, à língua.
O veneno invadiu palavras dedos sangue,
Toda corja de coisas solitárias e famintas
Desatando os nós da censura, assim, como fazem os poetas,
Construí um tempo morto para vivermos do coração,
Sem ambulância ou materiais de primeiros socorros,
E nasceram feridas, constipações, insônias,
Pupilas dilatadas, suores, cheiros de pólvora e flores,
Outros dramas espartanos
Porém, por todas as noites cariocas, entre inferno e céu,
Ninguém jamais viu um registro de amor igual a este,
Deliberadamente, fatal e inesquecível
8 comentários:
Ira, magnífica sua tessitura poética, visto que se trata de uma beleza inenarrável que ao eu-lírico desmonta ao nos revelar o outro lado do submerso "batismo", com esse calor causticante nada melhor do muita água nos batizar e mover-nos a um outro universo: o prazer.
pondo apelido em bois
se dispôs e depôs.
E depois, bem depois,
ainda se pôs fatal,
inesquecível...
Coisa bem boa te ler de um fôlego só.
gostei. Eu gosto sempre...
Lindo esse poema, Ira! E você está mais linda do que já foi! Gostei de tudo, achei uma beleza.
Beijos
batismo de fogo
beijo
Ah, eu te "li" Chico Buarque de Holanda de saias, sabendo profundamente da alma de homem, como poucas sabem. O poema é meu. Digo assim quando o visto e me cabe bem.
Beijos, lindona!
Ira, minha linda aquariana,
batismo a ferro e fogo.
Entre o caos e o paraíso, assim são as noites cariocas, as noites gaúchos, os amores em todas estações, e os homens :)
Grande beijo para ti e siga sempre essa poeta que me instiga! hehe
PS.: Abri outro Mumu hoje e coloquei encima de um sorvetãooo hummm... aceita? :)
o último verso deste batismo ou a fatalidade... do que se não esquece. grandiosa ode ao homem-ser, de novo e invariavelmente, querida ira!
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