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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O Livro Original




E dos confins do mundo surge o livro com propósitos roubados dos Deuses
Fogo água terra ar
Nasce a primeira palavra
Eis o homem!
Súbito todas as outras palavras se expandem em voragem e,
Debruçando fenômenos por todo chão, inauguram milagres
Eis a mulher!
Os dois verbos tentam leituras e seus bafos possuem o peso da nudez
Ergue-se o pau a procura da dor, enquanto a buceta tem hora demoníaca
Conjugam-se em páginas barulhentas sob ameaça do golpe mortal
O medo!
- Vem! Conceda-me um adjetivo seu que não me cegue
Diz o primitivo com seu alfabeto sôfrego
E a pródiga o olha com um silêncio medonho,
Mas estende-lhe a mão,
Porque já é tarde demais para anunciar sua sina
Escuridão!


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A Dois Passos do Nada




Dei a ele outro nome, um bom nome ardiloso,
Desses que damos aos homens para salvá-los
Quando tentam ser infernais já no inferno.
Amor! Meu amor!

Seu rosto, após longa olhada, sacudiu o pó da memória
Sobreviveu
- quantos rostos levantaram da cama apagando a noite?
Mixas trepadas! Homéricas fodas!

Súbito a mulher avançou forte como um milagre
- sempre tive essa praga no sangue -
E aguou sua cabeça e têmpera. Ele não tentou escapar feito rato
Era um homem cheio de mentiras - eu sabia!
No entanto, nada podia contra minha esfinge

Eu, sem qualquer palavra, o havia batizado de homem,
Simplesmente um homem e nada mais,
E todos os outros nomes adormeceram como deveriam
Adormecer diante de uma montanha
Em silêncio

Descansei os lábios naquele ouvido primitivo
Uma vez, a serpente sibilando
Sempre e de novo, e de novo, e de novo, à língua.                                       
O veneno invadiu palavras dedos sangue,
Toda corja de coisas solitárias e famintas

Desatando os nós da censura, assim, como fazem os poetas,
Construí um tempo morto para vivermos do coração,
Sem ambulância ou materiais de primeiros socorros,
E nasceram feridas, constipações, insônias,
Pupilas dilatadas, suores, cheiros de pólvora e flores,
Outros dramas espartanos

Porém, por todas as noites cariocas, entre inferno e céu,
Ninguém jamais viu um registro de amor igual a este,
Deliberadamente, fatal e inesquecível