Teu hálito, sobre a curva nua da orelha,
Soprou-me demora indecente
Meus silêncios, que eram discretos,
Já não puderam conservar clandestinidades
E, umedecidos de sons femininos,
Gritaram um grito sem fôlego
Escândalos tocaram a pérola envolvida
Ou seriam estrelas insanas a galopar nos montes?
Era tua chegada, na cadência do fogo,
Usurpando palavras dos flancos censurados
Eu e você, insuportavelmente perfeitos
Para torturas, assim seríamos até trincarmos
Qualquer coisa mais frágil
Chamou-me, o homem repentino:
Mulher! Lava essa poeira do corpo
E ressuscita o velho dom
Ouça minha mão agitando canções em teu sexo
Quando, ainda, um pedaço de medo desce
Garganta abaixo e, domesticado, não fissura
Era tua chegada e minha partida
O desafio de não olhar para trás
4 comentários:
Caramba!
Lindo e forte.
Passou um pouco de tristeza, apesar da sensualidade. Talvez eu que esteja meio-sei-lá.
Beijo, Ira.
Amiga Ira, mais um poema com tua marca peculiar. Muito bom!
Um abraço daqui do frio sul do Brasil. Tenhas uma linda semana.
Ira, minha linda aquariana!
Nem sempre venho aqui, quando venho, coloco a leitura em dia.
Desafio esse... "Não olhar para trás". Mas a gente é sempre um pouco como a aranha, se percebe com olhos até na nuca, não é? E como romper com isso?
Grande beijo para ti e um beijinho na Valetina (não tenho te visto muito no faceb., por isso deixo o beijo a ela por aqui :)
completamente rasgado pela bala, de fora para dentro, neste campo de batalha onde tudo ferve, tudo range, tudo explode ao ritmo da vertigem do corpo, ainda assim amarrado às linhas nómadas da consciência. e como somos completamente engolidos pela própria viagem, a viagem de onde uns chegam, a viagem para onde outros partem, a viagem de uns e de outros... sem nunca terem saído do lugar...
ma-ra-vi-lho-so, querida ira! és tu a palavra e o grito!
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