Nenhuma mulher oprimida
Tem rosto
– quem sobe os degraus morre nos sonhos
Nenhum rosto envergonhado
Tem voz
– quem mutila a
palavra crê na mentira
Nenhuma voz abafada
Tem vértebras
- quem abusa dos ossos rói o ódio
Nenhum espôndilo humilhado
Tem articulação
- quem aniquila o afago bebe mágoa
Nenhuma articulação infeliz
Tem coração
- quem despreza o músculo come cobras e lagartos
Nenhum coração encolhido
Tem sexo
- quem viola o ventre respira o nojo
Nenhuma buceta sem música
Tem vida
- quem exige o gozo recolhe a farsa
Aqui está à mulher discreta, a tua obra,
Quando não chama, entre os estilhaços da truculenta janela,
O canto do outro lado do mundo
5 comentários:
Imprescindível seu olhar, poeta querida. A contundência da sua poesia sempre me pega de jeito. Maravilhosa!
Beijos,
Quão belos sãos os teus versos minha linda , deixo um beijo !!
Puta poesia, Ira.
Calou-me.
Beijo.
versos geniais
de sopros febris
...
beijo carinhoso,
querida Ira...
quem? não.
pergunto... ninguém sabe.
porque as palavras se fazem para estremecer em imagens impossíveis que habitamos a cada desprender de língua, a cada arremesso salivar.
beijos, querida amiga!
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