segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Alguma (Im)Possibilidade Para O Fim Do Medo

Os possíveis nascem das chegadas,
Rostos esculpidos por breus,
Mal sabem distinguir os próprios mitos,
Plurais alegorias,
E já ousam pronunciar nomes
Seus olhos estão imersos em guerras,
Mesmo antes do olhar primeiro,
E cada aproximação é um objeto de tortura
Em que permanecem ferindo-se
Até o dia da cremação das almas

Já os impossíveis – ah, os impossíveis!
Esses confusos nascem das partidas,
Lugares de caminhos abrandados,
Realizando tudo o que jamais será
Eles, que já são, não sofrem o rasgo da pele
Nem sustos ou esperas
Eis que o amor eleva-se em simpatias
Por esses íntimos incertos
E consagra-lhes uma realidade
Sem porões decadentes

Cárceres!



11 comentários:

Ana Cecilia Romeu disse...

Minha flor linda, Ira!
Estou neste exato momento saindo de viagem novamente, (no sentindo literal :), e precisava ler antes disso, poesia de primeira e vim aqui. Este é meu comentário mais bobo, para uma grande Poesia, mas quis deixar registrada essas palavras: tua Poesia é essencial para mim, Ira.

Beijos e beijos!

Tania regina Contreiras disse...


Ma-ra-vi-lho-so! Meu impossível habita clareiras. E a poeta sempre me dando voz! Beijos a ti e ao Jorginho...

Beijos,

Domingos Barroso disse...

há uma brisa
leve no rosto
que estremece
os cílios
...


beijo carinhoso,
querida...

LauraAlberto disse...

TU!!!
Já tinha saudades de te ler, porra!
Continuas a escrever com a força nas tuas mãos...
Beijinho

Unknown disse...

os possíveis
os impossíveis
os laços
os passos
o singular
o plural


beijo

Américo do Sul disse...

Perfeito! Brilhante!
Melhor colocação, (im)possível...

Eleonora Marino Duarte disse...

Magnifico!
ainda por cima com a companhia bárbara do seu amor... nossa! Ira, você é a poeta das minhas ânsias!

um beijo.

dade amorim disse...

Maravilha, Ira! Gostei demais!

Beijo pela beleza deste poema.

Unknown disse...

possíveis-impossíveis, quase coágulos trespassados de luz e láudano à cabeceira do moribundo. e tudo se espalha num impulso só, consumindo veias e delírios nessa ciência de devassidão com que procura, qual leão faminto, o rasgão na carne que o leve à transparência do corpo. aí, só, por dentro da terra e do seu séquito de planetas, a morte, mínima, espreita, costurada pela saliva da memória - o veneno com que os deuses escarnecem dos homens:
- eis a tua mais que certa possibilidade.
riposta:
- impossível!
[tarde de mais...]

entrego-te as mãos, ira maior!

Cris de Souza disse...

E tome espanto!

Marco disse...

Intenso, belo demais este poema. Onde "a culpa original", a certeza de ter que existir, plangem sobre o cotidiano da vida. Aplausos!