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quarta-feira, 16 de abril de 2014

Domínio Público


No meio da rua
Há um cão desembestado
Entre os dentes,
Mais um dia sem morte
Suas patas são as flores de minha juventude sob o sol

No meio da rua
Há um Sísifo descalço,
Quase astuto,
Empurrando seu castigo até o limite do céu
Sua pedra é minha insônia e sobrevivência

No meio da rua
Há uma beleza violenta
E que pouca vida promete
Quem a toca perde o rosto para Hemera
Seu riso é a serpente que envenena meu seio

No meio da rua
Há um exército sem tórax
Nunca sei o que seus ruídos atingem
Como se fosse granada nos desonra os ossos
Fácil é matar quem já está esquecido

No meio da rua
Um poema
Cede algum coração
Para o próximo


(Para meus amores Tânia Contreiras e Jorge Pimenta)