sábado, 14 de junho de 2014

Balada da Paixão Assombrada


Houve um tempo, sim,
Que tua expressão era povoada
Por tantas viagens delicadas
Todas minhas, uma mulher longe do frio,
Sem entender a sílaba mais fraca
Do amor – distância
Tinha bebido um poema demorado,
Emboscada de lume, e meu silêncio tremeu
Como se fosse possível acariciar
A luz mais longínqua - estrela
Ah, mal sabia que aquele fulgor da palavra
Findaria na primeira sombra da noite
Que nunca me viu!
Insisti, muito amiúde, em estender os dedos
Até os lábios que assinavam beijos de outra boca
E, mentindo nossa intimidade sobre papéis corriqueiros,
Abandonei-me ao lugar que não se vai.
Inaugurei o maior deserto do mundo
Houve um tempo, sim,
Em que tua face era imortal
Tal é o poeta


3 comentários:

Gugu Keller disse...

A poesia é o em versos regresso da paz que se ia.
GK

Américo do Sul disse...

Na intimidade das sombras
se enxerga além dos próprios horizontes,
que pouco importa a imortalidade da poesia...
O amor pode vir em um tropeção
No meio fio da calçada.
No bater acelerado. No tremor de sílabas descarrilhadas...
Ou se vive as incertezas
Ou elas nos desabam...

Gyzelle Góes disse...

Céus, que versos polidos, bonitos, vísceros!