sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Porta Incêndio e a Premunição dos Gatos




Violento a porta
Os ares das ruas não são tão baixos
Quanto essa profecia furiosa,
Subindo e descendo parede,
Tentando obrigar-me vômito
Com seu gosto particular de censura
Esqueço trancas chaves e razão
Como se esquece de carneiros
No súbito desmaio da memória
Primeiro entra o fogo
Depois, qualquer outra coisa é inevitável
O gato antecipa o teu nome arrepiando-se
como gato
Grita um grito de giz na lousa
E corre a morrer por cinco vezes
Entra o homem,
- um projeto de abismo que crescer é irremediável
Nascido da demora dos segredos bem guardados
E, naquele instante em que a palavra
Não ousa qualquer aparência medonha ou simétrica,
Risca um fósforo sobre o caminho de pólvora
Confirmo cumplicidade para conservar a porta detonada



10 comentários:

Primeira Pessoa disse...

risca um fósforo.
BUM!

explode a poesia.
faz-se o poema.

Dilmar Gomes disse...

Amiga Ira, não te leio há tempo, mas à primeira linha percebo teu estilo vigoroso, com a qualidade de sempre.
Muito bom voltar aqui outra vez.
Um abração. Tenhas um lindo fim de semana.

Unknown disse...

vertigem em que as palavras são apenas rastilhos para todos os clarões do corpo.

um beijo, querida ira!

p.s. reparo na foto do banner; des-alinhados, verdade? que bom saber que o tens já.

beijo renovado!

Joelma B. disse...

sabia que
a porta muda
de fado
se do lado
de dentro
do olho mágico?

queria tanto que você soubesse meu grito quando te leio!

beijo, ira brilhantíssima!!

Ana Cecilia Romeu disse...

Ira minha linda aquariana que gosto tanto!
Recém vim lá da Jô, por lá deixei quaisquer palavras. É sempre muito bom para mim quando alguém te homenageia e faz referências, sinto como 0,00001% para mim também hehe

Não vou conseguir comentar teu poema como gostaria, venho de uma festa de clientes e já são 3h15, tô um bagaço! :)

Mas te deixo um beijão de fim de semana!
Adorei ver tua foto com o livro da Raquel!

Tania regina Contreiras disse...



Essa palavra aí acima citada por alguém define tão bem sua poesia: vigor! Ainda que andemos nos vales das sombras, sua poesia revigorará, porque tem sangue e vísceras. E aquela delicadeza das mulheres fortes e autênticas, só reconhecível pelos que tem muitos olhos!

Beijos, amadíssima!

AC disse...

Ira,
Personagens despojados de capa, arrastando consigo a sua condição: uns na pele de gato, outros na de eterno alimento...
(Sempre tão intensa!!!)

Beijo :)

dade amorim disse...

A intensidade de teus poemas é notável, Ira!

Beijos pra você

Unknown disse...

projeto de abismo
eis:





beijo

Cris de Souza disse...

Boom!!! Lírica, no mínimo, explosiva. És fera, Irada!

Beijinho, beijo, beijão*