Se ele entrar em ti, Mulher,
Como um pássaro cego batendo na pedra,
Tantas vezes, até a inércia das asas
E se reinar dentro da sua carne,
Como qualquer Deus, perverso e indiscreto,
Dominando serpentes petulantes
Se esse homem engolir seu veneno grave,
E, contudo, não temer as reviravoltas
Das veias em escândalos
Saiba que seus corpos desabotoaram a túnica do tempo e,
Num descuido das horas severas, despiram a eternidade
Juntos tomaram esses instantes breves,
Pelos longos cabelos das estações,
Para que a tola inocência do desejo se perpetue
No céu que ouve promessas
Ah, esses amantes que atam nos olhos rastros de nuvens!
Faça-se, então, a comunhão dos líquidos salgados,
Homem e mulher desafiando a verdade.
Faça-se a inoculação dos sangues, já tão emaranhados,
Até envelhecerem os fôlegos,
Que esse homem, prestes a morrer,
É mão nua a meter-se na luva repleta de escorpiões
Que aguardam transtornos e suicídios
Ele sabe que depois da morte
O amor perde os dez dedos das mãos
E tudo repousa inevitavelmente
5 comentários:
os longos cabelos das estações:
eriçam a pele na ponta dos dedos
nem o medo escapa a este segredo
beijo
De tirar o fôlego, Ira! Como sempre, lindo!!!
Meu carinho!
Lindo,
gosto tanto quando o desejo ultrapassa quaisquer barreiras e ganha forma.
Beijo, Ira!
Ira, este ano é o o ano dos lançamentos da blogosfera! :-) Nossa, eu quero muito e muito ter um livro seu. Vou estar na frente da fila. Você não imagina como gosto de te ler!
Beijos,
"o amor é ter medo e querer morrer"
j.l.peixoto
arrepiante, porque belo. inquietante, porque tão verdade quanto a loucura que ensina o que devemos começar a aprender a esquecer.
beijo-te as mãos ainda com o gelo a espreitar-me pelos cantos do arrepio.
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