terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Nas Esquinas da Pele





José veste Issey Miyake
A vanguarda de papel
Stop!
José Bboyza com capuz
Guerreiro do Afrika bambaataa
Stop!
José deita sobre as manchetes
Oito mortos na periferia
Stop!
O sinal está vermelho
Três Josés escrutando suas peles
Na Avenida Rio Branco,
Nem tão brancos,
Nem tão índios,
Nem tão negros
Defendendo suas vidas ininteligíveis
No cruzamento da cidade dourada
A milícia passa. Passa o trombadinha
A justiça passa. Passa o político
A metáfora passa. Passa o metafísico
A morena nua da capa passa
E os três Josés, paus eretos,
Percebem suas semelhanças

8 comentários:

Penélope disse...

E é essa a realidade dos Josés...
Induzidos a um submundo por talvez não conhecerem outros mundos... Infelizes Josés que são FELIZES apenas dentro da pouca felicidade que as vezes aparece um lampeja ou em míseras faíscas...
Abraços

Unknown disse...

oh quão dessemelhante e tão igual,


beijo

Tania regina Contreiras disse...

Bacana seu comentário lá no Roxo. Mas é isso, as vozes que nos faltam às vezes vêm de fora. Você é uma minha voz e espero um dia poder integrá-la em mim. Eu ia dizer: seus poemas me rasgam. mas não é assim. Refaço: sou rasgada, seus poemas trazem o sangue tímido, descoagula e faz fluir. Três Josés de paus eretos se reconhecem, enfim. E eu me reconheço em você. Essa sua poesia me tira da apatia e do cansaço. Me faz querer gritar. Sem pudores. Sua fã, Ira. Preciso ler você e não some.

Beijos,

dade amorim disse...

Tudo passa, e afinal tenho a impressão de que nada vai passar assim tão branco. É assim mesmo, Ira, e concordo com a Tania: precisamos ler você>

Bj bj

Tatiana disse...

É tudo tão forte, Ira. Quando te leio sinto duas mãos que pulam do poema e ora me sacodem pelo pescoço, ora estrangulam.
É sem dúvida uma arte rara e inquietante, a tua.
Beijo

na vinha do verso disse...


do que passa pelos olhos
e fica no recorte dos versos
somos todos josés

belo poema
e o blog é duca heim

parabéns
abs

Unknown disse...

É o que se conhece.
Beijos!!

Cecília Romeu disse...

Ira, linda aquariana!
Porque nem tudo é igual, mas também não deixa de ser.

Adoro teus poemas, tem um jeitinho pop!
Beijos!