Ando nos teus ouvidos
Inseto soprando onomatopéias
E confusões de bateções de portas, deles ou delas,
Dos que partem para outras mortes no momento cinematográfico,
Mas tuas mãos não admitem nem mesmo um safanão
Que jogaria meus olhos na parede
Bizzzzzzzzz!
Crash!
O estrondo assustaria tua alma
De tudo quanto é coisa que se perde infinitamente
E o espírito, com febril insistência de eternidade,
Pularia da cama a cata dos infames, porém indispensáveis,
Belos olhos de picada de abelha
Mas já estariam perdidos dentro do cimento?
Diz à lenda que parede tem olhos. São os meus!
Paro na ponta do teu nariz mármore e descubro:
Nós já estamos mortos neste fim de mundo!
Num país que perdeu o nome de tanta lonjura
Somos assombrações lobotômicas entre restos de cidade
E de gente que fomos num dia tão antigo que o tempo cobriu
de sono
Não há golpes de linguagem que causem ao menos vingança nas
peles,
Outra vez, mais uma vez, os corpos arquitetando permanências
De líquidos, de odores, de dimensões inexatas
Não há língua, nem voz, as letras escafederam-se no desvio
Foram parar no céu de Vênus, onde poemas fodem palavras por
amor
Volvemos ao funeral que nos cumprimenta
E revela a causa mortis:
Temporalidade!
6 comentários:
Estou aprendendo a arrancar a pele e me mostrar mais viva te lendo, Ira. Isso, sim, é poema. Isso, sim, me faz repensar todas as vezes que penso: o poema vale a pena? E poemas fodendo palavras por amor, nossa!!!! Sempre digo, há quem eu leia às vezes, há quem eu preciso ler. E preciso te ler. Sangra, mas eu sei que estou viva.
Beijos,
puxa, inseto soprando onomatopeias é de torar, bem justinho com a parede de olhos,
beijo
p.s. tem um filme "Repulsa ao sexo" do Polanski que mãos saem da parede, fiquei com essa imagem
na temporalidade se morre mas é ela o adn primeiro da vida, também.
este título remete-me à intemporalidade [não porque persiga e destrua o tempo; antes porque o amacia tornando-o seu amante] de crash, filme de paul haggis que me ajudou a perceber como nessa linha de colisões a que ninguém estará a coberto tudo é relativo. ainda hoje uma das minhas referências maiores da sétima arte.
beijo, amiga minha!
Tania tem razão, Ira - é preciso ler teus poemas, porque eles têm uma qualidade de vida e tempo que é real e imaginária ao mesmo tempo. Eu diria, enriquecedor.
Beijo beijo.
Cada morte e temporaria. Bichos sempre nos acompanham e as paredes tem visto e ouvido. Nada morre, tudo permanece.
E eu amo escritora Ira Buscacio.
Nada é para sempre!
Com isto não quero dizer que morremos, vivemos em metamorfose em uma constância sempre.
Beijos!!!
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