Havia dias traiçoeiros afogados no bule do café
E o coador suportava quentes resíduos de mágoas
E o coador suportava quentes resíduos de mágoas
Meus dentes apodrecidos,
Os que ficavam mergulhados em água sanitária,
Pretos de angústias, já não exibiam risos, nem mesmo os medíocres
Os que ficavam mergulhados em água sanitária,
Pretos de angústias, já não exibiam risos, nem mesmo os medíocres
A boca esquecia os lábios covardes no café amargo
No fundo da xícara, borra, saudade e a tarde
Era primavera, mas o frio cobria de gelo as violetas,
Algumas vozes estiradas no chão de asfalto e súplica
E, sobretudo, as mãos que foram esquecidas na varanda.
No fundo da xícara, borra, saudade e a tarde
Era primavera, mas o frio cobria de gelo as violetas,
Algumas vozes estiradas no chão de asfalto e súplica
E, sobretudo, as mãos que foram esquecidas na varanda.
Na primeira árvore que plantamos, antes mesmo do jardim,
O tronco não mais respirava nossa juventude
O tronco não mais respirava nossa juventude
Os nomes que foram cortados em lâmina, antes mesmo do jardim
Não conservaram memória e caíram secos,
Não conservaram memória e caíram secos,
Como secos morreram os frutos que não nasceram
Na cozinha, o aroma do café confundia o tempo,
Todos os ponteiros ensurdeceram os diálogos
Na cozinha, o aroma do café confundia o tempo,
Todos os ponteiros ensurdeceram os diálogos
O relógio transpirava suas horas.
Horas lentas! Horas longe! Horas mortas!
Horas lentas! Horas longe! Horas mortas!
Uma armadilha mantinha a porta do forno aberta,
O gás teria esquecido minha cabeça em sono profundo?
O gás teria esquecido minha cabeça em sono profundo?
5 comentários:
Saudades no fundo da xícara...Um café da tarde com gosto forte, prefiro assim...
Beijos,
que reunião esta, tu e a Laura. tremo de pensar e anseio apenas o chá,
beijo
um encontro de aroma e verso
beijo
e no fundo da xícara, por entre os resíduos do café, tanto se revela e ainda mais se esconde. quanto de nós espreita à esquina da explosão, num qualquer destes fins de tarde?...
beijos, ira e laura!
ó Ira...
ó Ira...
deixaste a minha alma mareada, meu espírito tranquilo dormitando na força das tuas palavras, sempre tão minhas...
obrigada, obrigada
Beijo
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