domingo, 4 de novembro de 2012

Anônimo




Não digo teu nome, do lado de fora da porta,
Pois é ameaçador o peso das ruas
Temo as calçadas com suas línguas malignas
Cospem pedras, insultos, covardias
Bocas filhas-da-puta!
Temo por ti, apenas,
Meu amor! Meu escândalo!
Que tem nas mãos uma pátria,
Impostos, sapatos e algum futuro
Já eu, nem casa, nem fronteiras,
Nem mesmo pudor das cicatrizes incuráveis,
Nada que a fúria da ofensa corte ou mate
Sou voz de poeira a qualquer hora
E ando na poesia sórdida, nos becos impuros,
Em alguns paus desinfetados e esperançosos,
Sob o mesmo céu dos cretinos
Que levam pecados em algibeiras até o confessionário
Receio por teu anel dourado, as promessas circulares,
Rabo de cão, tantas vezes possíveis de óbito
Não digo teu nome, nem mesmo aos teus olhos,
Que permaneça subentendido nos sorrisos,
Nas mãos que dançam no ar traçando signos sedutores
Pois é o silêncio que impede a boca do afogamento,
Lábios noutros lábios
Porém, o corpo inexplorado fala
E há traição de pele,
Quando cor vermelha invade textura fina,
Os poros úmidos exigem guerra, vertigem
O desejo pinta sua tela nas faces com cores do fogo
Dou concessão aos braços,
Que casem com teu dorso robusto e mouro,
Enquanto há sobre nossos sexos flores libidinosas
E tudo em nós beira fome e tremor
Não digo teu nome, paroxítono,
Pois é preciso te proteger de mim,
Que jamais sou culpada da hora infiel

9 comentários:

Suzana Guimarães disse...


Para todo poeta, um anônimo. Para toda salvação, alguém que nos tire do chão.

Beijos,

Suzana Guimarães - Lily

Unknown disse...

o nome paira no vento: nesta seara de inventos



beijo

Sandra Subtil disse...

o nome está gravado na pele...a sangue.
Beijoooo

Unknown disse...

Putaquelospariu! é o poema mais bonito e bem construído que lí ultimamente. Ira sou seu fã de carteirinha!!

Luiza Maciel Nogueira disse...

que lindo espaço Ira, gostei muito desse poema. me identifico com alguns aspectos dele.

beijos

Thiago Castilho disse...

Adorei seu novo esconderijo. Combinas minhas cores favoritas: negro, cinza e vermelho. Perfeito. Parabéns. Um beijo do observador, minha doce poeta.

Tania regina Contreiras disse...

Maravilhoso espaço. Tua força com as palavras eu já bem conhecia. O "lugar" onde elas se mostram está escandalosamente bárbaro. Grata pela sua visita ao Roxo. Vamos trocando...
Beijos e parabéns. Um beco chamado caminho...adorei.

Beijos

Zilani Célia disse...

OI AMIGA!
TE VI LÁ NA "ROSA SOLIDÃO" E VIM TE CONHECER, O QUE NÃO ME ARREPENDO,DEVIDO A QUALIDADE DE TEUS ESCRITOS.
ABRÇS

zilanicelia.blogspot.com.br/
Click AQUI

Patrícia Pinna disse...

Boa tarde, Ira. Continuas intensa e forte. De um poema só fazes vários.
Calçadas com línguas malignas estão a cada passo que damos, nas ruas frias e quentes, que não sabem segredar absolutamente nada, vomitando o que mais sabem fazer: Venenos!
Parabéns, amiga.
Beijos na alma e paz!