Poeta! Poeta!
Não há mais enxofre sobre o cais!
Emudeça o navio à hora invasora,
Nefasta,
Suja de lama e insetos
Não há mais enxofre sobre o cais!
Emudeça o navio à hora invasora,
Nefasta,
Suja de lama e insetos
Despreze-a com os olhos quietos
Ondule! Ondule!
Até o olvido dos peixes
Invadiu a proa escura,
Enquanto tuas mãos acenavam sutilezas às pedras,
Alguém que jamais terá rosto
Defecou pesadelos
Sobre tua madeira,
Sombras, nódulos
Feriu-te, de abuso,
A demência travestida em mulher
Abriu-te, no casco dourado, limoso,
Boca de escândalo e sangue,
Cicatriz atormentada
Loucura afiada em rochas,
Exoesqueletos, escamas
Ressentiram-se tuas bandeiras e,
Pelos mares tingidos de mijo,
O susto tomou-lhe as peles
Não haveria mais o canto das marés,
Enquanto as águas fossem povoadas por ácidos!
Roubou-te a calmaria das algas,
O sossego das ondas, das costas,
Sem poupar flor do convés:
Margarida!
Ah, navio-capitão, alfabetos das guitarras,
Não ausentes mais tuas canções!
Os burburinhos das pérolas,
Cidades, estrelas
Deu-se o naufrágio, com defunto,
O insano ser dorme nas profundezas.
Perdeu os dentes venenosos no enterro da boca
Ondule! Ondule!
Até o olvido dos peixes
Invadiu a proa escura,
Enquanto tuas mãos acenavam sutilezas às pedras,
Alguém que jamais terá rosto
Defecou pesadelos
Sobre tua madeira,
Sombras, nódulos
Feriu-te, de abuso,
A demência travestida em mulher
Abriu-te, no casco dourado, limoso,
Boca de escândalo e sangue,
Cicatriz atormentada
Loucura afiada em rochas,
Exoesqueletos, escamas
Ressentiram-se tuas bandeiras e,
Pelos mares tingidos de mijo,
O susto tomou-lhe as peles
Não haveria mais o canto das marés,
Enquanto as águas fossem povoadas por ácidos!
Roubou-te a calmaria das algas,
O sossego das ondas, das costas,
Sem poupar flor do convés:
Margarida!
Ah, navio-capitão, alfabetos das guitarras,
Não ausentes mais tuas canções!
Os burburinhos das pérolas,
Cidades, estrelas
Deu-se o naufrágio, com defunto,
O insano ser dorme nas profundezas.
Perdeu os dentes venenosos no enterro da boca
Ah, navio-capitão!
Volte ao rumo dos continentes
A lua te procura entre as espumas,
A lua estuda teus planetas subaquáticos
E não cansa, não cansa!
Tua carcaça é dura e,
Fiel aos marítimos caminhos,
Ninguém te imporá extravios
Quem há de vencer-te,
Este poderio da voz solitária,
Quando levantas tuas velas?
Volte ao rumo dos continentes
A lua te procura entre as espumas,
A lua estuda teus planetas subaquáticos
E não cansa, não cansa!
Tua carcaça é dura e,
Fiel aos marítimos caminhos,
Ninguém te imporá extravios
Quem há de vencer-te,
Este poderio da voz solitária,
Quando levantas tuas velas?
6 comentários:
o nosso amigo poeta e marinheiro
e tu que tiraste tudo tão bem da cartola, mágica Ira
beijinho
[e força aí com o blogue, tens o meu total apoio...]
esse poema me traz arrepio e saudade. ah, este navio...
tudo tão bem-dito, Ira.
beijo grande e sucesso pro novo blog
saudade desse vento-poesia!!
Como tua voz me arranha!! e não é que gosto!?
Beijo, poeta brilhante!
já antes dos nossos passos tudo era movimento; depois deles, tudo permanecerá nos seus lugares, ainda que em alinhamento diferente, e será esta oscilação em batente menor, quase impercetível, o que ajuda a transformar as vidas - as dos que passam e as dos que apenas se agitam sem nunca se moverem.
abraço-te, ira, como quem usa palavras para não esquecer.
Às vezes, parece exorcismo, oração. Eu sinto isso.
Beijos.
Suzana Guimarães - Lily
Ira, lindona!
Poesia especial para pessoa especial, pois vocês são todos os navios e todo oceano.
Beijos muitos!
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